sexta-feira, 20 de abril de 2012

Como foi que tudo virou de cabeça para baixo - parte 1

   Well, vou começar de onde parei. 
   Eu dava aula em uma escola famosa em SP. Era a fantasia de muitas estar lá, pra quem ta de fora, era puro glamour, luxo... mas só estando para saber. A vida era normal, tinha aquela espécie de "apartheid" inocente quase infantil (as mais antigas/preferidas - também conhecidas por semi-deusas X novatas), depois, novatas preferidas X novatas, mas era divertido, pelo menos eu nunca me incomodei com isso, eu circulava entre todos os círculos, me beneficiei muito com isso. Fiz grandes e queridas amigas, muitas colegas, e conheci o lado negro de algumas celebridades (isso é assunto pra outro post).

(que saudades das minhas queridas cabeçonicas)

    Sabe, esse mundinho Belly Dance é um pouco sombrio também... junto com a parte muito boa, tinham as histórias escabrosas, as belly dancers que não tinham lá grande talento, mas num piscar de olhos se tornavam quase semi-deusas por vias obtusas e obscuras, professoras que não faziam questão de dar aulas, só enrolavam as alunas deslumbradas com tanto strass, glitter e bate-cabelo. A parte podre tem em todas as áreas. 
   O que ninguem sabe, é que por trás do glamour todo, tinham professoras/bailarinas que ensaiavam muito, dançavam 999 vezes a mesma musica até ser concedido o direito de trocar de musica e ouviam esculachos diversos nos dias de treino. 

     Bom, tem muita historia sobre essa época... mas querem saber como entrei nessa terra tão cobiçada? 
 
   Vou resumir um pouquinho. Eu já dava aula, mas resolvi me reciclar quando conheci uma certa professora que veio parar aqui no interior (rsrsrs), desacreditei quando eu a vi dançar, pensei: PQP eu não sei dançar!!! Então, ao invés de entrar em crise existencial, perguntei onde ela tinha aprendido e fui atrás. Tive a paciência de começar do básico.
    Tudo se iluminou na minha mente, e um dia, quando eu estava fazendo uma apresentação solo (me lembro que estava com uma estola de penas pink) fui convidada a fazer parte do restrito mundo do glamour. Tem gente que fala que foi sorte, mas não foi não... antes disso a estrada foi longa, muito estudo, esforço etc. O começo foi muito difícil, afinal, se adaptar àquele estilo de aula era uma coisa totalmente avessa ao que sempre fiz, e tudo foi às pressas, uma apostila gigante com todas as aulas prontas, montar as sequências, alunas que não começaram comigo, algumas com aquele jeito de "vamos aporrinhar ela, ela não é nossa pro!!" (obs. eu havia assumido umas turmas de professoras antigas, foi uó).
    Rapidamente eu me adaptei a tudo. Passaram-se uns anos, muitas festas, eventos, aberturas de festivais, cheguei até a fazer parte do camarim das semi-deusas (rsrsrs), até que eu fui ficando muito, mas muito estressada. Certas coisas eu achava insuportável. Como a quantidade de vezes que o chefinho querido me podava  era aquela relação estranha, ele me tesourava, mas não me liberava pra outra unidade. Talvez por eu ser um pouco "rebelde" ou fora do padrão RK. 
    Eu estava cansada da jornada trem/metro/onibus, de sair de lá 22 hrs e chegar mais de meia noite em casa. Nesse tempo, eu estava às voltas com meu casamento, e com isso, bolamos um "plano infalível", era unir o útil ao agradável. Resolvemos sair do país. Fui deixando minhas turmas aos poucos (muitas meninas não quiseram continuar) até não ter mais nenhuma. Saí de lá. Mas eu não contava com uma peça que o destino pregou. A crise mundial... resultado, acabei não viajando, e fiquei sem emprego, sem dança.

    Não queria voltar atrás (eu estava com um nível tão alto de stress que me dava urticária, e eu acabava sempre no pronto socorro), e foi assim que eu decidi que ia dar aula "na minha terra mesmo". 

    Nuooossa tá tarde... vou nessa, amanhã conto mais bjo!
 
PS.: Hoje, eu resolvi treinar um pouco. Sério. rsrsrs. E vou filmar, e postar por aqui... aliás, aproveitei que meu princepezinho foi dormir e ja fiz o primeiro vídeo.

Um comentário:

  1. Realmente, essa fase de stress total foi muito ruim para você... algumas pessoas não acreditam que isso pode afetar a saúde de uma pessoa, mas você foi prova de que isso afeta e muito uma pessoa. Felizmente, você conseguiu se livrar deste mal...

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